segunda-feira, 27 de abril de 2009
Renascimento: Ideias fortes 2
O Renascimento chegou tardiamente a Portugal, e inicialmente por via francesa. A característica específica mais importante do renascimento português é a sua ligação à expansão marítima, que permitiu, não só ao país, mas a toda a Europa, um conhecimento do mundo sem paralelo até então e que se repercutiu nas artes, nas ciências e na literatura. Simultaneamente, o paço real — nomeadamente nos reinados de D. Manuel I e D. João III — impulsionou os estudos de portugueses nas universidades da Europa, pondo–os em contacto com as mentalidades e os conhecimentos renascentistas; muitos destes estudiosos vieram depois a difundir as novas ideias como professores das universidades de Lisboa e Coimbra — esta última viu mesmo o seu plano de estudos alterado, proporcionando uma maior atenção ao humanismo, privilegiado também no Colégio Real das Artes, então fundado. Na filologia, o humanismo deu azo a uma série de estudos sobre o português e a uma renovação do léxico e da sintaxe que definiram uma nova fase da língua. Por outro lado, a experiência prática da vida no ultramar proporcionou um surto de literatura científica (D. João de Castro, Garcia de Orta), de viagens (Fernão Mendes Pinto, Pêro Vaz de Caminha) e historiografia (Diogo do Couto, Fernão Lopes de Castanheda) de grande importância. Outros grandes representantes do novo espírito foram João de Barros, Damião de Góis, António Ferreira e Camões (embora a literatura do último tenha já influências do maneirismo). O estabelecimento da Inquisição (1547) e o movimento da contra–Reforma vieram impor severas restrições à actividade artística portuguesa, situação agravada pela perda da independência, em 1580, que implicou o desaparecimento da corte de Lisboa, grande centro cultural do país, abrindo caminho à decadência do espírito que animara esta renovação.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)

Sem comentários:
Enviar um comentário